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Mostrando postagens com o rótulo velhice

Confundir velhice com vulnerabilidade é idadismo

Normalmente, não ousamos tocar no assunto da velhice, o mesmo que o da morte. Quando somos jovens, nunca pensamos que vamos envelhecer e piorar, que um dia vamos morrer. Esse assunto foi amplamente abordado pela escritora francesa  Simone de Beauvoir  (1908-1986), uma companheira inseparável daquele grande da literatura universal, também francesa,  Jean-Paul Sartre  (1905-1980). No livro  Velhice,  foi dito com razão que “Com sua provada lucidez e bravura, Simone de Beauvoir enfrenta um dos problemas mais prementes da sociedade contemporânea: a velhice. Pessoas idosas são seres humanos? O mundo de hoje parece negar, recusando-se a admitir que eles têm as mesmas necessidades, os mesmos direitos que os outros. Velhice: vítima de marginalização cruel, ameaçada pela solidão e pela miséria. Muitas vezes, pretende-se ignorar esta situação. E não é incomum associar a velhice à doença, a algo que nem pode ser nomeado. Este livro tenta descobrir a verdadeira condição do antigo, tenta ouvir uma

Idosos de todo o mundo, uni-vos!

"Iremos para as trincheiras e defenderemos nosso direito de morrer quando a hora chegar e não quando interessar ao mercado"   Escreve o cartunista , Miguel Paiva para o Jornalistas pela Democracia.  Miguel Paiva. Foto: Reprodução “Como idoso me sinto ameaçado por este governo. Não que eu seja um idoso de grupo de risco. Aí já me sentiria condenado. Aparentemente sou saudável, faço exercícios, tomo meus suplementos fitoterápicos, faço meus exames regularmente e tirando meu joelho que reclama, me sinto muito bem. Quando era bem mais jovem me sentia ameaçado pela ditadura por ser estudante e depois jornalista. Fui preso por causa disso duas vezes, uma vez em cada categoria. Achava que esses tempos tinham acabado. Agora, durante a pandemia bolsonariana, a ameaça volta. Como diz minha amiga Emília Silveira, parceira de trabalhos e de quarentena junto com a Angela aqui na serra, o velho de hoje é o judeu de antigamente ( ou de sempre). Alguns países e algumas tribos indígenas consi

La pobreza espiritual de una sociedad que minimiza la muerte de sus ancianos

Nota: Por gentileza, use o tradutor caso seja necessário. En tiempos de pánico parece que todo vale con tal de exorcizar el miedo. Uno de los mantras que algunos gobiernos (desalmados) y medios de comunicación (desinformados) han repetido bajo diferentes fórmulas – algunas a nivel subliminal – para intentar calmar a la población cuando el virus aún no estaba muy difundido es:  ¡no os preocupéis, este coronavirus solo mata a los ancianos! Pero ese “solo” duele en el alma. Duele a quienes tienen ancianos a su lado y a quienes les queda un mínimo de sensibilidad. Porque la grandeza de una sociedad se mide por la manera en que trata a sus mayores. Y una sociedad que convierte a sus ancianos en piezas prescindibles ha perdido todos sus puntos cardinales. La sociedad que venera el cuerpo se condena a la decadencia del alma -  En las  culturas “primitivas”  las personas más ancianas gozaban de una consideración especial porque se les consideraba reservorios de una gran sabiduría y conocimien

Velhos, o peso do mundo

Texto belíssimo, do articulista Julio Maria, de “O Estado de São Paulo”, publicado dia 26/03/2020 VELHOS, O PESO DO MUNDO Ao ouvir que “só os mais velhos” estão sujeitos ao novo coronavírus e que a força jovem e criativa da parte dos vivos que interessa à humanidade deve voltar aos trabalhos agora para que o país não derreta, penso logo em como se sentem esses tais “mais velhos” aos quais o suspiro de alívio da frase se refere. Dizer que a doença “só mata velhos” é como dizer “tudo bem, só morre quem está com o pé na cova” ou “quem vai se abalar com a morte de alguém que já viveu tanto?” Não é verdade que o novo coronavírus tenha esse apetite exclusivo por pessoas com mais de 70 anos, como os leitos e os respiradores comprovam todos os dias, mas ainda que fosse, que a doença “só” levasse “esses velhos inúteis para o crescimento do país”, “essa categoria de gente que não faz a mínima falta em um processo eleitoral pelo simples motivo de que eles nem votam mais depois que completam 70 an

Premio Goya 2020 - da seleção ao premio

A incrível vida de Benedicta Sánchez, fotógrafa no Brasil, vegetariana aos 17 e vencedora do Goya aos 84. A atriz estreou no cinema como protagonista do filme ‘O Que Arde’, de Oliver Laxe   Benedicta Sánchez, diante do carvalho da Porfía, em San Fiz de Paradela (Lugo). ÓSCAR CORRA   A porta do elevador de um edifício de Lugo se abre e sai um som de quem arrasta um carrinho de compra e várias bolsas. Benedicta Sánchez (San Fiz de Paradela, Lugo, 84 anos) recusa a ajuda com contundência. Sobe no carro, protesta pelas calças que lhe emprestaram (caem) e relata a angústia que teve após perder seus óculos (os encontrou). No dia anterior chegou ao apartamento de sua filha, Emma Karina Sánchez, depois da meia-noite, após uma tarde de provas para escolher um vestido para a entrega do Prêmio Goya , o evento mais importante do cinema espanhol. No Ano Novo tocou as badaladas para a TVG e, meses antes, dançou uma  muñeira  (dança popular da Galícia) sobre o tapete vermelho de Cannes. Usa o mesmo m

Seis mulheres com mais de 70 anos de idade que são fonte de inspiração e cidadania

Jane Fonda, de 81, presa mais de uma vez em Washington por protestar contra a falta de ação de Trump sobre as mudanças climáticas, é uma delas Por: Carla Nascimento  - Essas mulheres têm origens, nacionalidades, cores de pele e profissões diferentes, mas estão unidas por uma escolha em comum: elas são ativistas e, ao fazer o que acreditam, rompem todos os dias com estereótipos relacionados aos papeis das mulheres na sociedade. Ah, e um detalhe: todas têm mais de 70 anos. CELINA  listou seis ativistas que, a partir de seus lugares sociais, usam suas vozes para fazer diferença. Jane Fonda, 81 anos Jane Fonda defende o Green New Deal, em protestos em Washington D.C. Foto: MARK WILSON / AFP Aos 81 anos,  atriz Jane Fonda foi presa três vezes em 2019  : ela é uma das ativistas à frente de protestos por políticas públicas mais duras contra as mudanças climáticas em Washignton DC. Este é, aliás, um lado da atriz que nem todos conhecem. Nos anos 60, ela já fazia ativismo político em apoio ao M

É hora de repensar a Velhice

Mais pessoas têm mais de 65 anos do que pessoas com menos de cinco anos: é hora de repensar a velhice Estamos vivendo mais e permanecendo mais saudáveis ​​do que em qualquer outro momento da história. O que realmente está atrasado é como nos sentimos sobre isso. Ilustração de Sam Bennett .  Como Goethe escreveu: “A idade nos pega de surpresa.” Na maior parte da história da humanidade, a expectativa média de vida global nunca excedeu 30 anos. Embora raramente pensemos nisso, as grandes figuras da história quase sempre morreram jovens: Cleópatra, aos 39 anos; Alexandre, o Grande, aos 32 anos; Jesus com 30 e poucos anos. As pessoas viviam o suficiente para produzir e proteger as crianças; até tempo suficiente para conquistar um trono, fundar um império ou criar uma religião global. Mas, mesmo na ausência de Asps, Ague ou Romanos, não há tempo suficiente para envelhecer. As coisas mudaram, pelo menos para aqueles de nós no rico oeste, na década de 1870. Entre 1870 e 1970, nossa expectativa

Envelhecimento, aposentadoria e modo de vida

Dois artigos que tratam sobre a questão da longevidade chamaram-me muita atenção, não só pelo conteúdo, mas por sua total diversidade. Comentário do Blog: A frase em destaque e o artigo é de Denise Massaferro a quem tive a alegria de conhecer ontem e ocupar alguns minutos do seu tempo numa agradável troca. Denise foi uma das palestrantes no evento de lançamento do livro Maturidade um tempo novo, organizado por Silvia Gusmão, aqui na Caixa Cultural, no Recife/PE No rodapé, deste artigo informações sobre Denise. Lembro que o artigo, aqui publicado foi escrito em 2015. Entretanto, atualíssimo. O jornal Valor Econômico publicou uma matéria com o título “Risco de ficar sem dinheiro assusta mais que a morte”, na qual trazia dados de uma pesquisa realizada pela companhia de serviços financeiros Allianz com pessoas na faixa dos 40 anos, constatando que 77% temiam durar mais que seu dinheiro na aposentadoria, temendo a falta de dinheiro até mais até do que a própria morte. A mesma matéria menci

Tempo nas mãos! O que vem a ser a velhice?

O que vem a ser a velhice, suas representações na cultura, no tempo atual e qual impacto esse imaginário gera em nosso viver? Silmara Simmelink  (*) De quem é essa mão? Foi separando algumas fotos de uma oficina que realizo com grupos idosos que tive essa dúvida ao ver uma foto, mas algo me pareceu familiar, a cor do esmalte que costumo usar. Opa! Essa é a minha mão! Mas ela está com marcas. Estão enrugadas. Foi assim que tive contato com o meu processo de envelhecimento. A notícia que eu estou envelhecendo surge nesse momento e com ela diversas indagações. Agora não era o envelhecimento do outro, mas o meu. Nas leituras e nos trabalhos que desenvolvo com os grupos de idosos, ela estava lá e percebi nesse instante que a velhice não pode estar apartada de mim. Discutir bilateralmente faz parte da minha inclusão nesse processo. Foi aí que me dei conta que já estava acontecendo. Há diversos autores que citam que o envelhecimento começa desde a concepção do ser. Para Neri (2004), o envelhe

“Meus começos e meu fim”

Em Meus Começos e meu fim, Nirlando diz: “Sou velho, mas não sou o velho que eu, desde muito cedo, sonhava ser. O velho de aposentadoria, no sossego da leitura infindável, com o conhaque no antebraço da poltrona, mal arranha a caricatura do velho que virei…” As pessoas, ao morrer, vivenciam um estrépito de luzes – é o que dizem os espiritualistas. Eu, ali, frente a uma revelação de trevas, como que ingressava na penumbra fosca de um corredor sem saída.” Em 2016, aos 68 anos, Nirlando Beirão, recebeu o diagnóstico de que estava com ELA – Esclerose Lateral Amiotrófica. Jornalista e escritor, Nirlando foi personagem importante da última fase de ouro do jornalismo brasileiro. Trabalhou nos mais importantes veículos da grande imprensa, desde que estreou no jornal  A Ùltima Hora  em 1967. Conviveu com os icônicos jornalistas das décadas de 60 a 2010. Foi correspondente estrangeiro em Nova York, fez cobertura de rebeliões e revoluções, entrevistou importantes figuras da política e da cultura,