Pular para o conteúdo principal

Chefe Zé, o escoteiro mais antigo do Brasil

Chefe Zé se despede às vésperas de completar 101 anos



José dos Santos Marques, o Zé Lamparina, ou simplesmente Chefe Zé, o escoteiro mais antigo do Brasil, morreu no dia 9 de maio, às vésperas de completar 101 anos de idade. Era neto de escrava, uma verdadeira história viva de longevidade ativa do Brasil. E participativa.

Comentário do Blog - meus três filhos foram escoteiros do grupo Uniselva/UFMT em Cuiabá/MT. Meu carinho, respeito e orgulho por esse grupo e pelas amizades construídas em torno dessa atividade.





Em 2015, por ocasião do aniversário de 100 anos do Chefe Zé - José dos Santos Marques, o Zé Lamparina -, o site Longevidade ADunicamp produziu um vídeo com uma entrevista na qual ele conta um pouco de sua história no escotismo e das coisas que viu no mundo durante a sua longa vida. Com destaque especial para os acontecimentos que acompanhou de perto na Revolução de 1932, na qual os escoteiros de Campinas participaram ativamente. Foram mais de 86 anos dedicados ao escotismo – além da família e do trabalho. (Veja aqui)

Chefe Zé era neto de escrava, uma verdadeira história viva de longevidade ativa do Brasil. Até os 92 anos, Chefe Zé, mantinha uma rotina quase diária de atuação junto ao seu grupo de escoteiros onde participava desde 1972, o Craós. Em entrevista à imprensa ele havia dito que "O pessoal diz que a gente não ganha nada, mas ganha sim, ganha a amizade da criançada. O escotismo é uma escola que ensina o camarada a adquirir confiança própria". Na entrevista, ele contou que “entregava telegrama nos postos de fardamento e à noite, a gente se reunia para receber novas instruções. A gente recebia pedidos de ajuda em hospitais e em depósito de material".

Grupo Craós - O grupo Craós surgiu em 25 de agosto de 1969 e foi fundado pelo chefe Toledo. O nome foi inspirado na tribo indígena que vive na fronteira dos estados do Maranhão, Piauí e Tocantins e tem como característica a busca pela continuidade das tradições, costumes e rituais.

Na época da fundação do grupo, o escotismo em Campinas tinha oito em atividade: Aruake, Dom Bosco, Kennedy, Mogiana, Notre Dame, Tuxaua e Saci Pererê. Com a intensa atividade escoteira na cidade, chefe Toledo criou o novo grupo para atender a região do Chapadão, iniciando as atividades na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (Especex).

No ano seguinte, em 1970, para instruir melhor os escoteiros, a diretoria do grupo propôs a transferência para o Círculo Militar. A mudança foi concretizada em setembro daquele ano.

A última locomotiva - Como mecânico, Chefe Zé participou, ainda na década de 20 do século passado, da fabricação da última locomotiva a caldeira de vapor construída no Brasil, feita nos galpões da antiga Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, antes do fechamento da fábrica em Campinas.

Ele iniciou sua atuação no escotismo, em 1929, na Associação de Escoteiros Católicos Nossa Senhora da Conceição. Depois, fundou o Grupo Escoteiro Mogiana, da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro; e Grupo de Escoteiros Ubirajara, na Vila Industrial.

Mais tarde, ele foi convidado pela diretoria do Círculo Militar de Campinas para chefiar o Grupo de Escoteiros Craós, junto ao qual atuou intensamente até os 98 anos.

Redação ADunicamp - Acesse Aqui    Fonte:http://www.portaldoenvelhecimento.com


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Dente-de-Leão e o Viva a Velhice

  A belíssima lenda do  dente-de leão e seus significados Segundo uma lenda irlandesa, o dente-de-leão é a morada das fadas, uma vez que elas eram livres para se movimentarem nos prados. Quando a Terra era habitada por gnomos, elfos e fadas, essas criaturas viviam livremente na natureza. A chegada do homem os forçou a se refugiar na floresta. Mas   as fadas   tinham roupas muito chamativas para conseguirem se camuflar em seus arredores. Por esta razão, elas foram forçadas a se tornarem dentes-de-leão. Comentário do Blog: A beleza  do dente-de-leão está na sua simplicidade. No convívio perene com a natureza, no quase mistério sutil e mágico da sua multiplicação. Por isso e por muito mais  é que elegi o dente-de-leão  como símbolo ou marca do Viva a Velhice. Imagem  Ervanária Palmeira   O dente-de-leão é uma planta perene, típica dos climas temperados, que espontaneamente cresce praticamente em todo o lugar: na beira de estrada, à beira de campos de cultivo, prados, planícies, colinas e

‘Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras’ – Manoel de Barros

  Dirigido pelo cineasta vencedor do Oscar, Laurent Witz, ‘Cogs’ conta a história de um mundo construído em um sistema mecanizado que favorece apenas alguns. Segue dois personagens cujas vidas parecem predeterminadas por este sistema e as circunstâncias em que nasceram. O filme foi feito para o lançamento internacional da AIME, uma organização de caridade em missão para criar um mundo mais justo, criando igualdade no sistema educacional. O curta-animação ‘Cogs’ conta a história de dois meninos que se encontram, literalmente, em faixas separadas e pré-determinadas em suas vidas, e o drama depende do esforço para libertar-se dessas limitações impostas. “Andar sobre trilhos pode ser bom ou mau. Quando uma economia anda sobre trilhos parece que é bom. Quando os seres humanos andam sobre trilhos é mau sinal, é sinal de desumanização, de que a decisão transitou do homem para a engrenagem que construiu. Este cenário distópico assombra a literatura e o cinema ocidentais. Que fazer?  A resp

Boas notícias para pessoas sedentárias

Depois dos 50, também é possível entrar em forma. Um estudo garante que a atividade física, mesmo após meio século de idade, seja um bom investimento para a aposentadoria 31% da população que se declara abertamente sedentária (de acordo com o estudo The World Burden of Diseases, publicado na  revista The Lancet)  e que, em meados dos anos 50, não pratica  exercícios físicos,  terá interesse em saber que, segundo  novas pesquisas,  Ainda é hora de evitar a degeneração muscular e óssea que pode fazer de você um homem velho antes do tempo. O estudo, realizado em conjunto por 5 universidades, comparou a função muscular, a densidade mineral óssea (a quantidade de cálcio e outros minerais presentes em uma área do osso) e a composição corporal de idosos que praticaram esportes em todo o mundo. sua idade adulta com aqueles que começaram tarde, especificamente após 50 anos. O objetivo era determinar se o fato de ter começado a treinar tão tarde impede atingir o nível de desempenho atlético e as

Saber ouvir 2 - Escutatória Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil. Diz Alberto Caeiro que... Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma. Filosofia é um monte de ideias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia. Parafraseio o Alberto Caeiro: Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma. Daí a dificuldade: A gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor... Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração...   E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. N

A velhice em poesia

Duas formas de ver a velhice. Você está convidado a "poetizar" por aqui . Sobre o tema que lhe agradar. Construiremos a várias mãos "o domingo com poesia". A Velhice Pede Desculpas - Cecília Meireles, in Poemas 1958   Tão velho estou como árvore no inverno, vulcão sufocado, pássaro sonolento. Tão velho estou, de pálpebras baixas, acostumado apenas ao som das músicas, à forma das letras. Fere-me a luz das lâmpadas, o grito frenético dos provisórios dias do mundo: Mas há um sol eterno, eterno e brando e uma voz que não me canso, muito longe, de ouvir. Desculpai-me esta face, que se fez resignada: já não é a minha, mas a do tempo, com seus muitos episódios. Desculpai-me não ser bem eu: mas um fantasma de tudo. Recebereis em mim muitos mil anos, é certo, com suas sombras, porém, suas intermináveis sombras. Desculpai-me viver ainda: que os destroços, mesmo os da maior glória, são na verdade só destroços, destroços. A velhice   - Olavo Bilac Olha estas velhas árvores, ma