Pular para o conteúdo principal

A ONU e a Velhice: Mudança de Paradigmas


É possível deduzir que este artigo foi escrito em 2003. Considerando que em fevereiro de 2002 a ONU definiu um  Plano de Ação Internacional discutido e aprovado na  Segunda Assembleia Mundial sobre Envelhecimento, realizada em abril do mesmo ano em Madri.
Em 2003 o Governo Brasileiro publicou o documento Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento e foi aprovado, também em 2003, o Estatuto do Idoso.
Gostaria que os leitores, deste Blog, atentassem para o conteúdo do artigo e fizessem uma rápida análise sobre as mudanças ocorridas de lá para cá e registrassem no formulário de comentários. Agradecida.
O idoso deve ser inserido no mercado de trabalho 
Por Marcelo Stefano Jornalista  e Divulgador Científico
Essa é, para a Organização das Nações Unidas (ONU), uma das maneiras de resolver o grave problema de envelhecimento da população e evitar a quebra dos sistemas de previdência nos países mais pobres. Tal recomendação consta do Plano de Ação Internacional, aprovado pela ONU no ultimo mês de fevereiro durante uma conferência que discutiu exclusivamente os problemas relacionados aos idosos do mundo. A Segunda Assembléia Mundial sobre Envelhecimento, que discutiu o tema, foi realizada em abril em Madri.
No documento, a ONU prega a necessidade de promover uma abordagem positiva do envelhecimento e de superar os estereótipos que estão associados aos idosos. Discutido e aprovado na conferência de Madri, o Plano obriga os governos a agir para enfrentar o desafio do envelhecimento da população e apresenta aos responsáveis pela formulação de políticas de todo o mundo um conjunto de 117 recomendações, que abrangem três esferas prioritárias: pessoas idosas e desenvolvimento, promover a saúde e o bem-estar na velhice, e assegurar um ambiente propício e favorável.
Com os números mundiais demonstrando que a população idosa se quadruplicará até 2050, a Assembléia da ONU reconheceu a importância da inserção do envelhecimento no contexto das estratégias para a erradicação da pobreza, bem como, dos esforços para conseguir a plena participação de todos os países em desenvolvimento na economia mundial. Para a ONU, o envelhecimento não deve ser simplesmente uma questão de segurança social, e sim, deve antes ser visto no contexto mais geral das políticas de desenvolvimento e econômicas.
O Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento pede mudanças de atitudes, políticas e práticas em todos os setores, buscando concretizar as enormes potencialidades do envelhecimento no século XXI. Segundo o texto, todas as pessoas idosas deveriam poder envelhecer em segurança e com dignidade e continuar a participar na sociedade como cidadãos com plenos direitos.
O Plano visa garantir que as pessoas idosas se realizem plenamente em seus direitos, consigam envelhecer com segurança e sem estarem sujeitas à pobreza, participem plenamente na vida econômica, política e social e tenham oportunidades de se desenvolver nos últimos anos da sua existência. Outros itens abordados pelo Plano são a eliminação da violência e da discriminação de que são alvos os idosos, a igualdade entre os sexos, a importância vital da família, os cuidados de saúde e a proteção social das pessoas idosas.

Aos governos compete, primordialmente, aplicar o Plano de Ação, mas as parcerias entre governo, sociedade civil, setor privado e as próprias pessoas idosas são também importantes, destaca a ONU. As Organizações Não-Governamentais (ONGs) são fundamentais para apoiar os esforços dos governos para aplicar, avaliar e analisar o Plano. A investigação e a tecnologia deveriam ser orientadas para as repercussões do envelhecimento no plano individual, social e da saúde, especialmente nos países em desenvolvimento.
Prioridades 
Para que o Plano seja posto em prática, foram definidas medidas concretas em função de três prioridades:
A primeira prioridade – as pessoas idosas e o desenvolvimento – centra-se em oito questões que exigem uma ação imediata, para assegurar a integração permanente e o reforço da capacidade de agir das pessoas idosas, permitindo-lhes assim participar ativamente na sociedade, no desenvolvimento e na população economicamente ativa. A ONU propõe que os governos se concentrem em envolver os idosos na tomada de decisões, criando oportunidades de emprego para as que desejem trabalhar e melhorando as condições de vida e as infra-estruturas nas zonas rurais. Deveriam também reduzir a pobreza nestes locais e entre as pessoas idosas em geral, bem como, integrar os migrantes idosos no seio das novas comunidades e garantir a igualdade de oportunidades no domínio da educação e da formação.
O Plano de Ação limita 2015 como o ano em que os governos alcancem uma melhoria de 50% na alfabetização de adultos, em especial de mulheres, bem como um acesso eqüitativo de todos os adultos ao ensino básico e à educação permanente.
Sobre a segunda prioridade – promover a saúde e o bem-estar na velhice – a ONU argumenta que os governos devem reduzir os efeitos de fatores que contribuem para aumentar as doenças e a dependência na velhice formular políticas para evitar doenças e assegurar o acesso a alimentos e a uma nutrição adequada.
Neste item, a entidade defende que os governos devem também esforçar-se para eliminar as disparidades econômicas e sociais baseadas na idade, no sexo ou em outros fatores devem criar e reforçar os serviços de cuidados de saúde primários e reforçar os serviços de assistência primária e a longo prazo.
Entre outras recomendações nesta área da saúde figuram: melhorar a avaliação do impacto da Aids na saúde das pessoas idosas, em particular nos países em desenvolvimento, e prestar informações e formação adequadas às pessoas portadoras do HIV, além de prestar-lhes assistência.
Na terceira prioridade – assegurar um ambiente propício e favorável – a ONU pede recomendações que visem melhorar a habitação e as condições em que vivem as pessoas idosas, bem como, promover uma visão positiva do envelhecimento e sensibilizar o público para as importantes contribuições dos idosos.
Relacionado a este tópico, o Plano de Ação também foca a questão da existência de meios de transporte acessíveis e a preços especiais para idosos, a continuidade da assistência e serviços destinados aos idosos, o apoio ao papel dos idosos como prestadores de cuidados e a criação de serviços de apoio para fazer face à violência sobre as pessoas idosas.
No Plano de Ação, os chanceleres da ONU também enfatizaram o problema financeiro dos países subdesenvolvidos relacionado ao problema dos idosos. Refere que a integração do envelhecimento e das preocupações com as pessoas idosas nos quadros nacionais de desenvolvimento e nas estratégias de erradicação da pobreza seria um primeiro passo em direção à aplicação do Plano.
“Em nível mundial, é urgente que haja uma maior coerência, uma melhor governabilidade e uma maior coesão dos sistemas monetários, financeiros e comerciais internacionais. O Plano pede uma ação rápida e concertada, tendo em vista fazer face aos problemas da dívida externa dos países em desenvolvimento. É necessário um aumento substancial da ajuda pública ao desenvolvimento (APD), se se pretender que esses países alcancem os objetivos de desenvolvimento acordados internacionalmente. Pede-se aos países desenvolvidos que façam esforços concretos no sentido de atingir o alvo de canalizar 0,7% do seu Produto Nacional Bruto (PNB) para a APD destinada aos países em desenvolvimento e de 0,15% do seu PNB para os países menos avançados”, ressalta o documento. Fonte: Revista Eletrônica da Terceira Idade

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Dente-de-Leão e o Viva a Velhice

  A belíssima lenda do  dente-de leão e seus significados Segundo uma lenda irlandesa, o dente-de-leão é a morada das fadas, uma vez que elas eram livres para se movimentarem nos prados. Quando a Terra era habitada por gnomos, elfos e fadas, essas criaturas viviam livremente na natureza. A chegada do homem os forçou a se refugiar na floresta. Mas   as fadas   tinham roupas muito chamativas para conseguirem se camuflar em seus arredores. Por esta razão, elas foram forçadas a se tornarem dentes-de-leão. Comentário do Blog: A beleza  do dente-de-leão está na sua simplicidade. No convívio perene com a natureza, no quase mistério sutil e mágico da sua multiplicação. Por isso e por muito mais  é que elegi o dente-de-leão  como símbolo ou marca do Viva a Velhice. Imagem  Ervanária Palmeira   O dente-de-leão é uma planta perene, típica dos climas temperados, que espontaneamente cresce praticamente em todo o lugar: na beira de estrada, à beira de campos de cultivo, prados, planícies, colinas e

‘Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras’ – Manoel de Barros

  Dirigido pelo cineasta vencedor do Oscar, Laurent Witz, ‘Cogs’ conta a história de um mundo construído em um sistema mecanizado que favorece apenas alguns. Segue dois personagens cujas vidas parecem predeterminadas por este sistema e as circunstâncias em que nasceram. O filme foi feito para o lançamento internacional da AIME, uma organização de caridade em missão para criar um mundo mais justo, criando igualdade no sistema educacional. O curta-animação ‘Cogs’ conta a história de dois meninos que se encontram, literalmente, em faixas separadas e pré-determinadas em suas vidas, e o drama depende do esforço para libertar-se dessas limitações impostas. “Andar sobre trilhos pode ser bom ou mau. Quando uma economia anda sobre trilhos parece que é bom. Quando os seres humanos andam sobre trilhos é mau sinal, é sinal de desumanização, de que a decisão transitou do homem para a engrenagem que construiu. Este cenário distópico assombra a literatura e o cinema ocidentais. Que fazer?  A resp

Boas notícias para pessoas sedentárias

Depois dos 50, também é possível entrar em forma. Um estudo garante que a atividade física, mesmo após meio século de idade, seja um bom investimento para a aposentadoria 31% da população que se declara abertamente sedentária (de acordo com o estudo The World Burden of Diseases, publicado na  revista The Lancet)  e que, em meados dos anos 50, não pratica  exercícios físicos,  terá interesse em saber que, segundo  novas pesquisas,  Ainda é hora de evitar a degeneração muscular e óssea que pode fazer de você um homem velho antes do tempo. O estudo, realizado em conjunto por 5 universidades, comparou a função muscular, a densidade mineral óssea (a quantidade de cálcio e outros minerais presentes em uma área do osso) e a composição corporal de idosos que praticaram esportes em todo o mundo. sua idade adulta com aqueles que começaram tarde, especificamente após 50 anos. O objetivo era determinar se o fato de ter começado a treinar tão tarde impede atingir o nível de desempenho atlético e as

Poesia

De Mario Quintana.... mulheres. Aos 3 anos: Ela olha pra si mesma e vê uma rainha. Aos 8 anos: Ela olha para si e vê Cinderela.   Aos 15 anos: Ela olha e vê uma freira horrorosa.   Aos 20 anos: Ela olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, decide sair mas, vai sofrendo.   Aos 30 anos: Ela olha pra si mesma e vê muito gorda, muito magra, muito alta, muitobaixa, muito liso muito encaracolado, mas decide que agora não tem tempo pra consertar então vai sair assim mesmo.   Aos 40 anos: Ela se olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, mas diz: pelo menos eu sou uma boa pessoa e sai mesmo assim.   Aos 50 anos: Ela olha pra si mesma e se vê como é. Sai e vai pra onde ela bem entender.   Aos 60 anos: Ela se olha e lembra de todas as pessoas que não podem mais se olhar no espelho. Sai de casa e conquista o mundo.   Aos 70 anos: Ela olha para si e vê sabedoria, ri

Saber ouvir 2 - Escutatória Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil. Diz Alberto Caeiro que... Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma. Filosofia é um monte de ideias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia. Parafraseio o Alberto Caeiro: Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma. Daí a dificuldade: A gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor... Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração...   E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. N