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A polifarmácia, nem sempre uma necessidade

O uso excessivo de medicamentos por idosos merece atenção, uma vez que a polifarmácia tem sido foco de vigilância da saúde pública.

A polifarmácia é definida como o uso simultâneo (ao mesmo tempo) de cinco ou mais medicamentos.

Os aspectos que contribuem positivamente para o surgimento da polifarmácia são: o aumento das doenças crônicas e das seqüelas que acometem a população idosa; o poder da indústria farmacêutica voltada à lucratividade (o Brasil é um dos países com maior imposto sobre medicamentos); o marketing dos medicamentos e a medicalização presente na formação de boa parte dos profissionais da saúde.
Todavia, observam-se ações da saúde pública, da área geriátrica e da área gerontológica visando a desmedicalização da pessoa idosa. O objetivo da desmedicalização é retirar medicamentos desnecessários, deixando somente aquilo que é essencial. Observamos dentre o público idoso, em alguns casos, a ingestão de mais de 10 cápsulas diárias por uma única pessoa. Será que realmente essa pessoa necessita dessa quantidade de drogas? Será que um remédio não está interferindo na ação do outro?

Neste contexto, o grande desafio dos profissionais da área da saúde é contribuir na promoção do uso racional dos medicamentos. Essa promoção do uso racional dos medicamentos consta da conscientização e orientação da população idosa e de seus cuidadores sobre o que deve ser EVITADO, como:
- automedicação, ou seja, ingestão de medicamentos por desejo próprio, sem orientação de profissionais da saúde;
- substituição ou inclusão de medicamentos sem o conhecimento dos profissionais da saúde;
- má administração dos medicamentos, sendo que esses não atendem os critérios de prescrição/receita sobre horários e dias de ingestão;
- má administração dos medicamentos, sem atender o tempo mínimo de utilização prescrito (Exemplo: medicamentos antidepressivos - tempo mínimo de uso: de seis meses a um ano);
- não informar aos profissionais da área da saúde quais medicamentos está fazendo uso, para evitar administração simultânea de drogas que podem provocar interações medicamentosas (um medicamento influencia a ação do outro, podendo anular os efeitos previstos).

Vamos conscientizar sobre o uso do medicamento de forma segura. E vamos tentar desmistificar o fato que “o médico bom é aquele que prescreve medicamentos”. Pelo contrário, o bom profissional da saúde é aquele que consegue utilizar diferentes tipos de tratamento, além do tratamento farmacêutico. Ou seja, o tratamento ou controle de determinada doença pode ser realizado em parceria com outras formas, como a prática de exercícios físicos, alimentação adequada, dentre outros. É um comprimido a menos para ingerir, é um medicamento a menos para pagar. Vamos consumir somente o que realmente é necessário.

Portanto, seja consciente sobre o uso de medicamentos. Converse com os profissionais da área da saúde sobre seus medicamentos: número, dosagens, tempo de utilização, real necessidade da prescrição, utilização simultânea com outros remédios, etc.

Dessa forma, estaremos contribuindo para o uso racional de medicamentos e evitando os agravos advindos da polifarmácia.

Se você leitor é uma dessas pessoas (ou conhece alguém) que está ingerindo muitos tipos de medicamentos por dia, procure orientação dos profissionais da área da saúde.
Fonte: http://www.afrid.faefi.ufu.br/node/131                  Por   Profa. Lucélia Justino Borges

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